Entrevista ao Jornal do Centro – UMA VISÃO ALARGADA DO NEGÓCIO TRADICIONAL

Para quem não viu a nossa entrevista no Jornal do Centro do passado dia 29 de dezembro, poderão ver aqui:

 

UMA VISÃO ALARGADA DO NEGÓCIO TRADICIONAL

O Grupo FTD, empresa de gestão e capitais familiares, insere–se na área alimentar, desde a transformação de carnes frescas aos fumados e aos doces. Nasce em Vila Nova de Paiva, a partir do negócio de gado e rede de talhos, e da visão e determinação do seu fundador, José Carreira Cardoso. Dialogamos com Diogo Cardoso, um dos lhos do fundador e CEO do grupo, sobre esta evolução meteórica, que, em 20 anos, transforma um pequeno negócio local /regional numa dimensão nacional /internacional.

Conte–nos, em linhas gerais, como foi esta evolução?
O meu Pai, iniciou–se como comerciante de gado em Vila Nova de Paiva. Posteriormente desenvolveu uma rede de talhos. Como fazia alguns fumeiros, para legalizar esta actividade cria, em 2000, a Salsicharia e Fumeiros Tradicionais do Alto Paiva, Lda. Agora era preciso crescer. Em 2006, assumi a vertente comercial da empresa. Com actividade inicial no distrito de Viseu, passámos aos grandes centros de Porto e Lisboa. Em 2009 entrámos na grande distribuição. Em meados de 2014, face à expansão comercial, as instalações existentes de 1 000m2 de área coberta mostram–se pequenas. Impõem–se um redimensionamento da área produtiva. Elaborámos um projecto, integrado nos fundos estruturais. Entretanto, em 2016, surge uma oportunidade de aquisição da empresa Fumeiros Terras do Demo, caída na situação de insolvência. O projecto inicial é preterido pela aquisição e recuperação desta. Agora com uma capacidade produtiva capaz de responder ao novo nível de procura. Surge então o Grupo FTD Alimentação SA, constituído pelas duas empresas Salsicharia e Fumeiros Tradicionais do Alto Paiva, Lda. (Vila Nova de Paiva) e Fumeiros Terras do Demo, Lda. (Armamar). Neste novo quadro, para além da transformação tradicional, com um mais alargado portfólio de produtos de charcutaria, surge com uma gama de ambres e bacon fatiado, frescos e congelados e matadouro.

Qual a realidade actual do grupo?
Passamos de 3,5 milhões euros de vendas (2016) para um valor de fecho previsível superior a 10 milhões de euros (2017). Ao nível nacional, consolidámos a nossa posição, via mercado tradicional, (40%) e grande distribuição (40%). No mercado internacional melhorámos a nossa quota de penetração (20%). Ao nível da empregabilidade, somos na região de Vila Nova de Paiva o maior empregador privado e relevantes na região de Armamar. De 30 colaboradores (2016) passámos para 100 (2017).

Quais as linhas de acção para o Futuro?
2017 foi o ano da aquisição da unidade de Armamar, a respectiva reestruturação e inserção no nosso modelo de negócio orientada para o crescimento. Uma operação ainda não concluída. 2018 será o ano de conclusão da reorganização e consolidação do grupo, tendo como objectivo o crescimento na ordem dos 20%. Não obstante as dificuldades que nos envolvem, temos como linhas de actuação sedimentar a nossa posição junto dos actuais clientes, desenvolver os nossos produtos, sempre na linha da inovação e melhoria qualitativa, e incrementar a exportação.

Que dificuldades são essas que os envolvem?
Olhe em primeiro lugar somos uma empresa do interior abandonado pelo poder e deserti cado. O custo logístico, quer na vertente da venda, quer da compra, coloca–nos numa desvantagem relativa perante o litoral. A mão-de-obra qualificada não existe localmente. Temos de a migrar, do litoral ou grandes centros, a custos exorbitantes.

Perante este quadro o que fazer?
O poder político tem de considerar o interior como território nacional, conferindo ao sector empresarial, aí sedeado, as condições de enquadramento do litoral. Enquanto o governo não atacar o problema com medidas estruturais relativas às vias de comunicação e outras, deve, de imediato, apoiar a contratação de mão-de-obra, através de um apoio complementar directo ao trabalhador, sobre o salário mínimo a suportar pela empresa.

Fonte: Jornal do Centro. Página 29 da edição de 29 de dezembro de 2017.

Veja o PDF com a entrevista aqui.

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