Apresentamos aqui a entrevista completa que foi feita ao Fumeiros Terras do Demo pelo Jornal Mundo Português, publicado no passado dia 30 de outubro:
É uma das empresas do setor, mais dinâmicas no nosso país e está neste momento a apostar forte na exportação. Diogo Cardoso, gerente da empresa afirmou ao Mundo Português que fruto de um dinamismo maior, a empresa cresceu em faturação e postos de trabalho criados. A exportação tem também subido bastante e neste momento representa já vinte por cento da faturação total.
Para Diogo Cardoso este sucesso tem sido conseguido com o apoio do SISAB PORTUGAL porque segundo diz, “é aí que mostramos todos os anos as nossas novidades e potencialidades, dando a conhecer os produtos em ações de degustação, centralizando toda a nossa oferta junto dos muitos compradores que visitam aquela feira” e acrescentou ainda que “em apenas três dias fazemos ali o que num mês a viajar pelo mundo não conseguiríamos fazer, com tanto rigor e sobretudo tanta eficácia”. Estas as grandes razões para apontar o SISAB PORTUGAL como a grande mais valia para este desenvolvimento da empresa.
O dinamismo da empresa criou recentemente uma mão cheia de novidades para o mercado. Fale-me das principais… Temos os enlatados que era já um lançamento do último SISAB PORTUGAL especialmente dirigido ao mercado angolano, no entanto face à situação económica de angola trata-se de um projeto que está em “stanb by”.
Temos também outros produtos criados para o SISAB PORTUGAL que apresentaremos na próxima edição, nomeadamente uma alheira e uma morcela com maçã, e uma chouriça e um salpicão de espumante. Foi um projeto desenvolvido em parceria com a Cooperativa Agrícola do Távora, sediada em Moimenta da Beira. Vamos ter também um enchido com cogumelos “shiitake” (criado nos troncos das árvores), e fizemos também uma alheira de cogumelos em parceria com a “Casa Tapada da Carvalha” sediada em Vila Nova de Paiva e uma alheira com queijo. O grande objetivo é criar com as cooperativas e empresas da região uma maior sinergia para se poderem criar mais postos de trabalho. Internacionalmente ainda não sentimos o efeito destas novas transformações e produtos, mas o mercado nacional já nos vai dando algumas respostas e mais valias.
Já estão a distribuir os vossos produtos na totalidade do mercado nacional? Estamos já em todo o território nacional, estamos também na grande distribuição com mais de uma marca de cadeias e o objetivo é agora também ir a “grande distribuição” no mercado da saudade…
E não têm razão de queixa da grande distribuição? A grande distribuição é um mal necessário. Se vamos só para o comércio tradicional temos outros problemas de logística também bastante complicados em fazer o chamado “porta-a-porta”, o que logo à partida nos eleva os custos ou então temos de nos transformar numa espécie de um “cash and carry”.
Entretanto a empresa já está também a rejuvenescer internamente… Sim há um certo rejuvenescimento da empresa na área dos fumeiros, eu pessoalmente assumi toda a parte de direção comercial e estamos a ter algum sucesso com o nosso trabalho, porque na parte comercial temos mais quatro colaboradores, sendo eu que faço a ligação com a área a produção, à frente da qual está o meu pai.
Toda esta expansão acontece na altura de uma certa contração da economia. Qual é o vosso segredo? Eu desde que entrei para a empresa sempre ouvi falar que estávamos em crise. Entrei em 2007, por isso vivi sempre com a crise. Por isso nem sei se há segredo, sei que há uma luta constante para aproveitamento das oportunidades que vão surgindo e sei que tínhamos de expandir as nossas próprias oportunidades. O problema é que hoje estas empresas já não podem apenas limitar-se a vender “um chouriço”, é preciso perceber o mercado e saber um pouco de marketing, ir às lojas e saber gerir o ponto de venda em termos de posicionamento do produto. Por outro lado implementamos na empresa um princípio fundamental em que se dá mais importância a uma reclamação do que a um elogio ao nosso produto.
E toda esta dinâmica é seguida também no mercado externo? A nossa posição externamente é bastante diferente do mercado nacional. Estamos no mercado dos revendedores e supermercados portugueses onde a nossa comunidade vai comprar. Também já estamos em redes de supermercados um pouco maiores e que foram contatos conseguidos no SISAB PORTUGAL, e por isso estamos em França, Suíça, Inglaterra, Bélgica, Luxemburgo, Holanda, Alemanha. Este ano, também graças ao SISAB PORTUGAL abrimos em Timor e em Moçambique. Também estamos em Angola e nos EUA estamos com a nossa gama de compotas.
Nos últimos cinco anos têm saído mais de cem mil pessoas/ano para o estrangeiro. O mercado “sente” essa falta de compradores? Na minha estrutura também estamos a crescer no mercado nacional e por isso não posso dar uma resposta tão concreta. O que me apercebo é que no estrangeiro, principalmente nos países de maior destino de portugueses, as nossas vendas têm vindo a aumentar o que faz pensar que há mais pessoas nesses lugares a consumir mais produtos portugueses. Eu como sou de uma zona de muita emigração, tenho uma opinião de que a minha geração tem emigrado muito, e cada vez mais vejo que isso é uma realidade. Uns porque cá também não querem fazer determinadas coisas, e outros por imitação de amigos e familiares que já emigraram e estão melhor.
Novidades a apresentar no próximo certame do SISAB PORTUGAL? As novidades que queremos lançar a partir de 2016 é tentar a começar a fazer um pouco diferente, começando a fazer enchidos à base de aves, nomeadamente chouriço de frango, chouriça de perú, fabricado com menos teor de sal e menos gorduras abordando uma área mais saudável. Mais tarde tentaremos chegar à certificação Halal.
Também para o SISAB PORTUGAL queremos inovar com a nossa presença, levando o nosso habitual parceiro, – o Chef Paulo Cardoso, no sentido de ele fazer de imediato a confecção, para que na hora o cliente possa ter a verdadeira percepção do produto que está a consumir e assim melhor perceber as especificidades da nossa marca.
Por vezes os empresários do estrangeiro queixam-se de que é difícil trabalhar com as empesas portuguesas. Concorda? Concordo totalmente. Nós como empresa podíamos estar a vender para o Brasil e para o Canadá, mas devido a questões burocráticas e não protocoladas, tal não é possível. Aqui na empresa temos uma situação que já vai em dois anos com o Brasil e que ainda não está devidamente autorizada. Temos importadores que querem comprar, nós queremos vender, mas o alinhamento não está ainda a funcionar e isso torna tudo impossível.
Quem tem competência para ultrapassar isto? A nível nacional é o Ministério da Agricultura que tem de desbloquear estas situações com os parceiros internacionais, porque se está a perder negócio importante
Alterações previsíveis no mercado internacional? Vamos ter mais uma pessoa especialmente dedicada ao mercado internacional a partir de janeiro, porque temos de sair cada vez mais para o mercado externo. Vamos também trabalhar no sentido de conseguir a certificação IFFS necessária para a área alimentar.
Fonte: Jornal Mundo Português de 30 de outubro de 2015, pp. 24 e 25.